Sérgio Farias, jornalista, fez desabafo
A redação da TV Cabugi, afiliada Globo, era pequenina. Ocupava um pequeno galpão improvisado.
Trabalhávamos uns colados aos outros.
Redação, ilhas de edição e estúdios apertadíssimos.
Geograficamente diminuta, a TV Cabugi era aumentativo de talento. Fui editor(olha que petulância), com Adriano de Sousa, melhor texto do Estado e Sebastião Vicente. Remo de Macedo foi o mais dinâmico editor que conheci.
Nossa diretora, Ana Luíza Arruda Câmara, entrou repórter, terminou diretora de jornalismo. Apurar e saber escrever significavam obrigação primordial para cada um dos comandamos por Chiquinho Alves, o chefe mais amigo que existiu.
Repórteres de imensa categoria. Todos sintetizados num estilista: Sérgio Farias, vírgulas de proximidade com a sublimação. Sérgio nunca fez reportagens. Produziu obras-primas de perfeccionismo estético e emocional.
Hoje, somos velhos e tratados por uma geração antipática e inimiga do idioma. Sérgio Farias, gentleman, perdeu a paciência e escreveu um desabafo simbolicamente subscrito por todos nós, dinossauros.
Sérgio Farias
“Para o bem e para o mal, jornalistas aceitaram de bom grado ocupar um lugar no panteão das subcelebridades. E como tal, se expõem ao público prontas pra receber curtidas, likes e emoticons açucarados. Na mesma proporção, batem o pé, exibem um corporativismo feroz,chiam e bradam contra quem ousar critica-los. Porque será sempre uma crítica “ desconstrutiva” e pessoal. ( a rigor, toda crítica pública é necessariamente impessoal).
O problema é que alguns se acham ungidos e portanto inumes a comentários que não sejam positivos do ponto de vista raso q as redes sociais tornaram regra. Amo a língua portuguesa. E a defenderei sempre com unhas e dentes. Porque o idioma faz parte da nossa identidade. Redundâncias, erros de concordância, textos superficiais abundam em nossos telejornais. O q nao é exatamente algo novo. O q choca os ouvidos é a proporção com q se repetem. Pressa? Deslize? Uma reportagem passa por varios filtros até ir ao ar. Podemos escrever textos lindos e profundos e informativos, usando a linguagem mais coloquial. Basta saber usar com sabedoria, essa ferramenta tão maltratada justamente por quem deveria zelar por ela.”
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